ENSINO, EDUCAçÃO...E BOLO DE CLARAS E NOZES

quinta-feira, março 18, 2010

Já vos tinha dito que no Meu Estaminé não havia só produtos comestíveis.
Assim sendo, não resisti a trazer aqui para o "placard", um recorte de jornal (não sei qual) que recebi há dias.
Como ainda não sei fazer"copy" e "past" aqui no blog, vou ter de escrevê-lo à mão, he,he!

"SÉQUESSO"
 A Pátria adora conversar sobre professores. A Pátria, porém, nunca fala sobre educação.
Portugal ainda não arranjou coragem para lidar com este facto: os alunos acabam o secundário sem saber escrever. Parece que os professores vão fazer uma "marcha da indignação". Pois muito bem. Eu também vou fazer uma marcha indignada. Vou descer a avenida com a seguinte tarja: "Os alunos portugueses conseguem tirar cursos superiores sem saber escrever".
A coisa mais básica - saber escrever - deixou de ser relevante na escola portuguesa.
De quem é a culpa? Dos professores? Certo. Do Ministério? Certo. Mas os principais culpados são os próprios pais. Mães e pais vivem obcecados com o culto decadente da psicologia infantil. Não se pode repreender o "menino" porque isso é excesso de autoridade, diz o psicólogo. Portanto, o petiz pode ser mal educado para o professor.
Não se pode dizer que o "menino" escreve mal porque isso pode afectar a sua auto-estima. Ou seja, o rapazola pode ser burro, desde que seja feliz.
O professor não pode marcar trabalhos de casa porque o "menino" deve ter tempo para brincar. Genial: o "menino" pode ser preguiçoso, desde que jogue na consola.
Ora este tal "menino" não passa de um mostrengo mimado que não respeita professores e colegas. Mais: este mostrengo nunca reconhece os seus próprios erros: na sua cabeça, "sexo" será sempre "séquesso".
Neste mundo Peter Pan os erros não existem e as coisas até mudam de nome. O "menino" não escreve mal: o "menino" faz, isso sim, escrita criativa. O "menino" não sabe escrever a palavra "recensão", mas é um Eça em potência.
Caro leitor, se quiser culpar alguém pelo estado lastimável da educação, então, só tem uma coisa a fazer: olhe-se ao espelho. E, já agora, desmarque a próxima consulta do "menino" no psicólogo.

 Henrique Raposo

Embora eu subscreva quase tudo o que aqui é dito, estamos perante dois problemas diferentes. Um é do Ministério da Educação e não dos Professores, e está relacionado com os Programas e com o Sistema de Avaliação. O outro é de Educação (moral e cívica) e compete aos Pais em primeiro lugar,  e só depois às instituições escolares.
Quando, nos anos 50, andei na Escola Primária (Primeira), no exame do  4° ano quem desse mais de 4 erros e 4 faltas de acento gráfico, reprovava e tinha de repetir o ano.
Em 1963 comecei a trabalhar como professora e algum tempo depois, os alunos passavam no exame com 9 erros ortográficos. Todas achámos um exagero, mas "manda quem pode e obedece quem deve"! E a razia na Língua Portuguesa continuou com a saída dos Programas do Ensino Primário, no que toca às Preposições, Conjunções e tempos verbais do Conjuntivo.
Disseram-nos que passariam para os primeiros anos do Liceu. Mas duvido que isso fosse verdade. Hoje ninguém sabe escrever dissesse ou comesse e confunde com disse-se e come-se.
E toda a gente sabe que é nos primeiros 10 anos de infância, que a Memória funciona como uma esponja e absorve tudo o que lhe dermos...
Já depois da adesão de Portugal à CEE, implementou-se um novo Sistema de Avaliação em que os Professores passaram a não poder "reter" um aluno, sem autorização prèvia dos Pais. Agora digam-me quais são os pais que autorizam o professor a chumbar um filho. Eu nunca vi nenhum.
Nesse mesmo Sistema, dizia-se que um aluno até aos 14 anos, idade em que terminaria o 9° ano de escolaridade, apenas poderia ficar retido uma vez, sob pena de lhe ser passado um "atestado" de frequência  em vez do Diploma de Estudos.
Estou fora do "sistema" há dez anos, mas duvido que algo tenha mudado para melhor...
 
E vamos a um docinho, que isto hoje já amargou o suficiente!
Até é saudável pois não leva gemas nem manteiga e faz-se com pouco açúcar.

      BOLO DE CLARAS E NOZES

6 claras
6 colheres de sopa de açúcar
100g de miolo de nozes picadas na 1.2.3.
30 g de farinha de trigo com fermento
margarina para untar a forma
açúcar para polvilhar

Primeiro barre uma forma redonda média com margarina e polvilhe-a com açúcar.
Misture as nozes moídas com a farinha.
Bata as claras em castelo bem firme, começando a juntar-lhes o açúcar quando estiverem quase levantadas e batendo sempre para ficarem bem fortes.
Mexendo de baixo para cima, envolva a mistura de nozes e farinha.
Deite o preparado na forma e leve a cozer em forno médio, durante cerca de 20 minutos. Faça o teste do palito.
Deixe arrefecer e desenforme num prato. Regue com um pouco de açúcar em caramelo, se desejar.

Notas: - É um  bolo delicioso, mas não cresce quase nada; conserva apenas o volume que leva quando vai ao forno.

Beijinhos
Bombom = Tia Fátima = Avó Fátima

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5 comentários

  1. Tu dás cabo de mim mulher :)
    Em defesa da classe dos psicólogos, venho dizer que não somos todos assim. Eu não sou! Não sei se lês o meu blog mas até fiquei com medo he he Espero que não me tenhas apanhado nenhum erro grave. Sou daquelas que muito preza a língua portuguesa e tenta fazer de tudo para a dignificar!
    Ia dizer que até perdi o apetite para o bolo mas não é verdade. Comia duas fatias só para afogar as mágoas he he

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  2. Ameixinha, longe de mim atingir alguém pessoalmente. Sabes tão bem como eu que há professores e Professores assim como há psicólogos e Psicólogos. O problema é o passar-se dos "oito aos oitenta". E nisto de Educação, no meio é que está a virtude!
    E já agora fica sabendo que eu estou reformada, por isso já me deixei de marcar erros seja a quem for, he,he! E tu escreves muito bem, por isso estás dispensada dos meus "work-shops", he,he! Bjs. Bombom

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  3. Querida Bombom
    Infelizmente os alunos brasileiros também estao assim, triste realidade!

    Amo pudim de claras, a ultima vez que fiz, comi tudo em 2 dias, é bom de mais!

    Bjos
    Léia

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  4. Querida Bombom,
    Embora ainda esteja no início do meu papel de mãe, já observei à minha volta diversos casos de uma permissão excessiva dos pais relativamente aos filhos. Creio que será uma forma de compensar e diminuir a culpa pela sua falta de tempo. O facto é que, não lhes impondo limites, não lhe ensinam o respeito, a educação e a cumprir os seus deveres, e depois queixam-se, perante resultados desastrosos, de que a culpa é das escolas e mais concretamente dos professores. Esses não têm razão! Mas, embora eu também deva dar os meus erros, também já vi muitos professores a dá-los. Como diz a Bombom, o próprio sistema de ensino é permissivo e está, desta forma, a criar potenciais maus escritoes da língua portuguesa! E serão esses maus escritores que ensinam e ensinarão os nossos filhos!! Já não há professores como antigamente ou a haver, são poucos. Já não há Bomboms a ensinar!! O que vale, é que esses maravilhosos professores que SABIAM ensinar, utilizam hoje as novas tecnologias, para continuar a instruir-nos à distância, sobre outras matérias: culinária, experiências de vida...e também como não podia deixar de ser através de alguns work-shops de gramática, ainda tentam nos aperfeiçoar na escrita que muitas vezes os deve escandalizar! Não é assim, querida professora?
    Esta semana já fiz dois pudins tendo congelado as claras: lá vou eu experimentar esta delícia da minha querida Bombom!!
    Um grande beijinho e muito obrigada.

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  5. Olá Fátima,

    Gostei muito do tema que nos presenteas-te,apesar que não me vou alongar muito. Pois, concordo em absoluto com o que dizes, mas, vais conhecer (quando marcarmos o nosso encontro com sol)a 1º mãe que pediu à professora da filha para a filha ficar retida na 4º classe. E já tinha perdido o 1º ano derivado ter tido uma encefelite que lhe ficou da papeira. A professora e grande amiga que ficou.-Disse-me que era a 1ºvez que tal lhe acontecia, pois,os pais vão pedir é que os filhos passem e nunca o contrário. Só que eu como digo, não sou melhor nem pior, sou só a Isabel, mas, tinha consciência que a filha iria muito mais preparada para o ciclo se ficasse retida naquele ano...

    O bolo, claro nem preciso de dizer é do melhor. É óptimo para aproveitamentos das claras.

    Beijinhos com muito carinho mesmo

    Isabel de Miranda

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