COMPOTA DE MELÃO COM LARANJA E ESPECIARIAS


 Esta "coisa" da Globalização, tem imensos inconvenientes, mas também algumas vantagens.
Estou a referir-me aos produtos que usamos na nossa alimentação e que, graças à diversidade das cadeias de frio e de transportes, aumentaram imenso o nosso leque de escolhas.
Não sei se repararam, mas temos tido desde o ano passado à nossa disposição nos supermercados, melões de grande qualidade e de diversa procedência, a um preço relativamente acessível.
Embora concorde com os Ecologistas que nos lembram que não devemos usar produtos fora da sua época, pois exigem transportes de mais longe e isso polui mais o Ambiente, de vez em quando traio a regra porque adoramos melão e eles têm sido excelentes. Até um dia destes...
Pois é.  O melão que comprámos, ao abrir revelou-se meio verde e sem doçura..."apepinado"...
Deitar fora, nem pensar! Na cozinha tudo se transforma!...
Lembram-se daquela receita de Doce de Abóbora com Laranja e Especiarias, da Colher de Pau?
(Podem ver em Compotas, no dia 27 de Janeiro). Em vez da Abóbora, usei o Melão, e fiz assim:

Doce de Melão com Laranja e Especiarias

1 kg de melão
800g de açúcar
1 pau de canela
2 cravinhos da Índia
1 estrela de anis
1/2 limão
1 laranja

De véspera, cortar o melão em cubinhos, para uma taça. Juntar o açúcar, o pau de canela, os cravinhos e a estrela de anis. Mexer bem, tapar ou cobrir com película aderente (film) e deixar repousar no frigorífico de um dia para o outro.
No dia seguinte, colocar tudo num tacho de inox, juntar a raspa e o sumo do meio limão e da laranja. Mexer com a colher de pau e levar a lume brando até fazer Ponto de Estrada (cerca de 2 horas). De vez em quando dê uma mexidela.
Retire do lume e encha os frascos esterilizados. Feche hermèticamente e vire-os de boca para baixo para fazer vácuo e evitar que se estrague.

Mesmo que não apreciem melão, vale a pena experimentar, pois fica um doce suave e muito agradável, para acompanhar tostas simples ou com queijo fresco, com requeijão como sobremesa ou para barrar panquecas.
De certeza que será uma agradável surpresa, como foi para mim!
( E aqui, mesmo no fim, "eu me confesso"... não esperei de um dia para o outro. Deixei 2 horas a marinar e zás, tacho com ele!E ficou óptimo!)
Continuação de uma boa semana.
Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

TEMPERO PARA CARNES

Ainda a propósito de viagens...Sempre que me ausento e o Marido fica em casa, procuro deixar as comidinhas feitas e congeladas, pois ele não gosta nada de cozinhar. Assim, fica mais fácil tirar na véspera a caixinha e deixar a descongelar; no outro dia já é só aquecer e já está!
Quando estava a trabalhar também usava muito este método para simplificar o trabalho e estar menos tempo na cozinha.


Desta vez deixei-lhe preparado um Tempero para Grelhados de Carne, a pensar num franguinho ou num pedaço de Entrecosto, que seria só barrar e pôr ao lume.

Tempero para Barbecue

2 dl de azeite virgem
4 dentes de alho grandes espremidos
1 folha de louro grande ou 2 médias (sem nervura) partidinha
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
1 colher de sobremesa de molho inglês (fac.)
1 colher de chá de molho de soja
1 colher de chá de flocos de chilly (ou piri-piri)
1 1/2 colheres de sopa de sal marinho ou flor de sal

Coloque todos os ingredientes secos numa tigela e junte metade do azeite. Mexa bem para formar uma papa.
Acrescente o restante azeite mexendo bem. Prove e rectifique de sal a gosto, assim como o picante. Verta para um frasquinho, tape e guarde no armário dos condimentos.
Dê uma mexidela antes de usar.
Não precisa de frigorífico pois o azeite e o sal conservam-no.
Use sempre que precisar de assar carne ou peixe, ou para grelhados de carne.

Porque Tempo é Dinheiro e a Mulher, se for inteligente,  não precisa de ser escrava da cozinha!

Tenham uma boa semana. Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

AMIZADE NÃO TEM PREçO !

                          Flores da Ilha da Madeira

Hoje na Montra maior de O MEU ESTAMINÉ,
uma homenagem a duas Amigas autoras de Blogs
que gosto muito de visitar,
e de onde saio sempre mais "rica" do que entrei.


PARABÉNS Beth-Lilás!
http://supremamaegaia.blogspot.com/


PARABÉNS Lolipop!
http://lolipop-banzai.blogspot.com

Porque a AMIZADE
não tem preço
nem fronteiras!
Não tem correntes
nem lonjuras.
Não tem mares
que nos separem.
Basta ter
o Coração
de um  Principezinho
e nas mãos,
Flores para cuidar
e Papagaios de papel
para lançar
e enfeitar o Céu
de estrelas
e ser sempre
Criança!


Para a Criança que renasce em cada ano que passa,
as minhas Flores, numa singela Homenagem!
Parabéns Amigas! Muitas Felicidades!

Beijinhos da

Bombom

UM PASSEIO A CANTUÁRIA

Já a Primavera vai "alta", e só hoje vim abrir as portas de O Meu Estaminé!
Espero que não tenham levado a mal uma tal ausência! Mas foi por uma boa causa.

                  O Bolo de Aniversário tinha de ser uma Play Station !
O pretexto foi o 6° aniversário do netinho. Se tínhamos ido ao da neta, o que iria ele pensar se não fôssemos ao dele? Além disso estamos tão longe uns dos outros, (neste caso uns 1600 Km) que corremos o risco de ficarem "congelados" os sentimentos e os afectos.
Apesar de ser tempo de escola e de trabalho, ainda deu para fazermos uma visita a Canterbury, mais conhecida para nós como Cantuária, para vermos a sua famosa Catedral.
Nesta altura já podem imaginar como vão "as vendas" do casamento dos príncipes Wiliam e noiva, com a foto em pratos, canecas, bandeiras, chapéus, canetas e tudo o mais que se possa imaginar (he,he).

                      Cidade de Canterbury

Canterbury fica situada a sudeste de Inglaterra na província de Kent.
É uma cidade muito antiga e a sua Catedral foi construída no ano de 597 por St. Agostine.
Foi reconstruída em 1070 e ao longo dos tempos foi sendo aumentada e adornada por cúpulas e torreões.
É muito importante por ser a sede do Arcebispo Primaz do reino e por ser aqui que os Reis de Inglaterra são coroados.

                      A Catedral de Cantuária (Canterbury).

 Achei muito linda a Pia Baptismal, toda em mármore de diversas cores.

                            Pia Baptismal

Foi nesta Catedral que o Arcebispo Thomas Becket foi assassinado pelos validos do rei Henrique II em 1170.
O rei Henrique VIII em 1538 mandou destruir o seu túmulo e hoje no lugar onde ele foi morto, arde  um círio (vela) em sua memória.

                    Túmulo de um Arcebispo

Por este, podemos imaginar o túmulo de Thomas Becket a quem hoje chamam St. Thomas.
Por último deixo-vos a foto do vitral que encima a porta de entrada, embora ela não tenha ficado muito boa.


Para terminar, desejo-vos um óptimo fim de semana e não se esqueçam que no domingo muda a hora ! 

Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima) 
 

O GARFO...E BOLACHINHAS LEVES

Ao analisarmos a "mesa dos reis", ficamos com a ideia de que eles eram uns grandes brutos e alarves. Não podemos, no entanto, esquecer-nos de que nesse tempo ainda só existiam as facas.
A potagem (sopa) era servida em malgas e era bebida ou sorvida, o que vem dar ao mesmo.
A faca era usada para partir os pedaços da carne que cada um comia à mão.
Limpavam-se as mãos ao pêlo dos cães ou às mangas e "fraldas" das camisas. E não era só na corte portuguesa, era em muitas das cortes da Europa.
Só com o tempo é que se foram civilizando os costumes e educando as pessoas.
O garfo só chegou à Europa no séc.XI, concretamente à cidade de Veneza. Teodora, filha de Constantino VIII Imperador do Oriente, veio de Constantinopla para casar com o Doge de Veneza, Doménico Selvo e trouxe no seu enxoval um garfo de oiro com 2 dentes, com que comia as frutas cristalizadas.
Pouco depois, a população da cidade assimilou o garfo. Como era uma cidade muito cosmopolita, depressa esse uso se espalhou para Milão e Florença. O talher já era conhecido em Itália no séc. XV.
A sua introdução na Europa não foi fácil pois o garfo fazia lembrar a forquilha ou forcado, instrumento de trabalho do campo que estava associado à imagem do Diabo.
Foi a italiana Catarina de Médicis, que casou com Henrique II de França no séc. XV, que introduziu o garfo na corte e o tornou num objecto de requinte.
A Inglaterra só chegou em meados do séc. XVII, levado pelo viajante Thomas Coryat.
Em Portugal o seu uso só começou em 1836, com a rainha D. Maria II, filha de D. Pedro I do Brasil. Foi o marido, D. Fernando II de Portugal (Fernando de Saxe-Coburgo-Gota) que a convenceu a usar o novo talher.
Entre a sua introdução na Europa e o final do séc. XVII, surgiu o 3° dente. O 4° dente parece ter surgido na segunda metade do séc. XVII, para atender ao Rei Fernando II das Duas Sicílias (Fernando de Bourbon) que não gostava dos fios compridos do esparguete a escorregarem nos garfos de 3 dentes.

Tudo isto aprendi na Wikipédia e na net.
E agora vou oferecer-vos uma receita rápida e fácil de Bolachinhas Leves, tipo água e sal, para poderem usar com os Patés de ontem. Foram ambas tiradas da Tele Culinária do Chefe Silva, do número Especial de Verão de 1984.


Bolachinhas Leves

150g de farinha de trigo
100g de margarina
1 ovo pequeno
1 colher de café de sal fino.

Amasse tudo e estenda a massa com o rolo. Corte as bolachinhas dos tamanhos e feitios que desejar e coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal (uso Glad).
Leve a cozer em forno bastante quente (180°).
Nota: Na receita não vem indicado o tempo de cozedura, mas deve ser à volta dos 10 a 15 minutos.

Nota 2: 
- Depois de amassar, precisei de acrescentar 1 colher de sopa de farinha, para a massa ficar mais consistente.
- Achei a massa demasiado salgada para meu gosto e acrescentei 2 colheres de sopa de açúcar amarelo.
- Deixei repousar no frigorífico por 30 minutos.
- As bolachinhas ficaram prontas em 12 minutos.
- São muito crocantes e estaladiças. Ideais para servir com doce ao lanche, à sobremesa ou com o café.

O Meu Estaminé vai estar "fechado" por uma semana. Vou voar como as Borboletas, brincar com os meus netinhos e sonhar núvens cor de rosa! Voltarei daqui a uma semana, com todas as novidades!
Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

À MESA COM OS REIS - (cont.)

Para quem gostou de conhecer um pouco melhor "a mesa dos reis", vou continuar a falar-vos dela pela mão de Manuel Guimarães no livro de que já vos falei, intitulado À Mesa Com a História.

"Apesar de tudo, D. Filipa não deixou de imprimir nos costumes do Paço a marca da sua firme personalidade, vulgarizando nos banquetes reais, alguns costumes da sua casa de origem e conseguindo garantir às damas, para todo o sempre, lugar nos grandes banquetes, até então exclusivamente destinados a homens.
É bom não esquecer que D. João I (séc. XIV), autor do Livro de Montaria e ele próprio caçador apaixonado, aconselhava comida simples, em doses convenientes e nunca o abuso do vinho que ele próprio bebia, sempre terçado de água.
Tinha, segundo rezam as crónicas, um fraquinho especial pela carne de vaca que comia assada, cozida ou na desfeita (picada).
Ainda mais sóbrio do que o real progenitor, D. Duarte ignorou deliberadamente os prazeres da mesa. Foi um dos primeiros escritores a preocupar-se com o "regimento do estômago", começando o dia com um simples copo de água açucarada, uma verdadeira novidade em tão recuada e descuidada época. Ao meio dia jantava (actual almoço) vianda assada de carneiro ou carnes assadas de perna, pouca potagem (sopa), muito pouco pão. Ceava (actual jantar) às oito horas da noite outra vez vianda assada e, imaginem só, pão torrado.
Bebia vinho com água, como vira fazer a seu pai durante toda a vida e seguia à letra os conselhos do físico Morsala, médico da corte e, segundo ficou escrito, muito entendido em dietas.
D. Pedro de Alfarrobeira, que governou Portugal, como Regente, ordenou que os nossos reis passassem a tomar em público as suas refeições, não sendo esta a única novidade que o infante mártir de Alfarrobeira cobiçou no decorrer das longas e misteriosas viagens que o levaram aos quatro cantos da Europa culta do seu tempo.
D. Afonso V, que só começou a beber aos 37 anos de idade e por conselho dos médicos, não era partidário dos prazeres da mesa que só usaria na medida das necessidades, desprezando o fausto e a grandeza.
Finalmente, chegaria o "homem", D. João II. Garcia de Resende, primeiro e Rui de Pina depois, confirmam que o "Príncipe Perfeito" também o era enquanto apreciador de boa mesa. Dizem que "comia muito e muito bem, com muito vagar e cerimónia", mas só duas vezes ao dia. Elogiou a sardinha, que considerava excelente comida popular, embora pessoalmente não a apreciasse. Comia normalmente sozinho, mas à vista dos fidalgos habituais no Paço ou que nele viviam. A grandeza quando é genuína, é sempre paralela à solidão.
Embora abstémio (não tomava bebidas alcoólicas), D. João II devorava por refeição boa meia dúzia de iguarias, postas à sua disposição por uma chusma de criados receosos. Comia à mão, sofregamente. Nem sequer usava a faca pontiaguda, única peça do talher do seu tempo e que chegou até aos nossos dias na "naifa" (canivete) com que os homens das nossas aldeias cortavam o conduto sobre a fatia de pão.
D. Manuel I, que não era filho de rei, foi um monarca opulento e requintadíssimo. Morava com uma corte de cinco mil bocas, sem que ninguém lamentasse servir tão alto príncipe. Damião de Góis atribuiu-lhe grande paixão pelas coisas de açúcar. Quando estava em Lisboa, aos domingos, ia sempre merendar ao Paço de Santos-o-Velho, onde as damas se acotovelavam para encher de doçaria fina, a mesa de el-rei. Depois, passeava de barco pelo Tejo, ouvindo os seus músicos privativos que tocavam cornetas, rabecas e tamboris, para fazer a alegria deste rei que nada lhes negava.
No entanto, logo que foi informado das exageradas verbas gastas nas províncias pelos súbditos, em banquetes de casamento e baptizado, apressou-se a proibir o desaforo, limitando os convivas a membros da família. Em 1514, por Ordenação, proíbe os bodos tradicionais, com excepção dos Bodos do Espírito Santo.
D. João III, como todos os filhos de pai rico, não pôde ter história gastronómica. A opulência à mesa mantém-se naturalmente, quer o rei esteja em Lisboa quer permaneça com demora, no seu sumptuoso Convento de Tomar.
D. Sebastião, o príncipe do fim, ainda chega a ordenar que nenhuma pessoa possa comer à sua mesa mais que um assado ou um cozido  e um picado ou desfeito, arroz ou cuscuz e nenhum doce como o manjar-branco ou bolos de rodilha.
Supomos que tal Ordenação tenha caído em saco roto, como em saco roto cairia o País por espaço de mais de meio século."

Partilho convosco estas curiosidades históricas à volta da Mesa, por não ser muito fácil encontrá-las.
Não podemos esquecer-nos de que eram outros os tempos e os costumes e de que, por exemplo o garfo, só apareceu na corte portuguesa em 1836 ( D. Maria II ). Falaremos disso um dia destes.
E, como a prosa já vai longa, ficam aqui umas receitinhas rápidas de Patés para rechear tapas ou para bolachinhas de água e sal, que podem servir de entrada a uma qualquer refeição.

Paté de Presunto

3/4 de chávena de presunto picadinho
1/2 cebola pequena picada
1/2 chávena de maionese
pimenta preta moída na hora

Pique todos os ingredientes com a varinha mágica durante 1 minuto. Retire para uma tigela, mexa e está pronto a usar.

Paté de Atum

1/2 chávena de maionese
1 lata de atum, escorrido e desfiado com o garfo
1/2 cebola picada
1 colher de sopa de salsa picada (salsinha)
sumo de 1/4 de limão

Desfie bem o atum. Junte todos os ingredientes numa tigela e mexa muito bem.

Paté de Camarão

1/2 chávena de maionese
2 colheres de sopa de natas
1 colher de sopa de tomate Ketchup
1/2 cebola picada
1 ovo cozido pequeno
sumo de limão q.b.
1 raminho de salsa picada (salsinha)
molho picante q.b.

Pique muito bem os camarões e o ovo cozido. Misture tudo e rectifique de sal e picante.
Em todos os casos, guarde em tacinhas ou tigelinhas no frigorífico, cobertas com película aderente, até ao momento de servir.

Com desejos de uma boa semana para todos, beijinhos da

Bombom  (Tia Fátima ou Avó Fátima)

À MESA COM OS REIS

Depois de uns dias em "silêncio", cá estou de novo para vos falar um pouco de História. Não da história das comidas, mas das Comidas e dos Hábitos de Comer na História de Portugal.
Eu já tinha ouvido dizer (ou lido algures) que a rainha D. Filipa de Lencastre, mulher de D. João I, tinha vindo encontrar uma corte primitiva e abrutarrada, quando veio para Portugal. Ora parece que afinal não era nada assim! E para prová-lo, vou transcrever um pouco do livro de Manuel Guimarães, À Mesa Com a História.

"São conhecidos os regulamentos e as organizações em vigor nas cortes dos reis de Portugal, desde D. Afonso Henriques, garantidos por oficiais-mores, responsáveis pelo bom funcionamento da vida palaciana, sem descurar a vida íntima da família reinante, nem sacrificar os direitos do povo no acesso ao soberano.
D. Sancho I bebia por copa de oiro, da qual mandaria fazer uma cruz e um cálice, furtando-se assim à ira de Deus e do Papa Inocêncio III, que o acusava de manter em casa uma bruxa, com a qual se aconselhava em assuntos de Estado. No reinado seguinte, D. Afonso II vê-se na necessidade de criar, por decreto, em 1211, um "uchão", funcionário responsável pelos víveres, e um "escanção", encarregado da copa real, também chamado copeiro, patrão de todas as bebidas.
Cabe no entanto ao senhor D. Afonso III (o Bolonhês), o gigantesco príncipe que se dizia ser português pela vida e francês pela comida, a grande reforma da corte dos afonsinhos portugueses. O paço tinha nesta altura padeira privativa - a regueifeira d`el-rei - e um trem de cozinha que exigia nada menos de quatro mulas para carregar tachos, panelões e trinchantes, quando a corte viajava pelas terras de um Portugal recém-nascido.
Não seria numerosa a corte portuguesa no reinado de D. Afonso III. Em 12 anos - de 1258 a 1270 - o rei gastou na sua casa 1845 vacas (8 por mês), 5163 porcos (23 por mês), mais de 10000 carneiros, além do peixe fresco e seco, destinado aos dias magros, o que abona o apetite dos que tinham o privilégio de comer à mesa do rei, por certo inventores do ditado popular: "melhor é migalha de Rei que mercê de Senhor".
Depois veio o rei-poeta, D. Dinis, cantor e cortesão, casado com a Rainha Santa (D. Isabel de Aragão).
Enquanto a esposa jejuava duas partes do ano a pão e água e, no tempo restante, só comia uma refeição diária, o régio esposo dava grandes banquetes no Paço da Alcáçova, onde se comia à mão em baixela de oiro e prata que o rei menciona no testamento, "entre copas, vasos e pichéis, escudelas, bacios e talhadores, companheiros dos prazeres deste mundo e que ninguém, até hoje, conseguiu transferir para o Além".
Menos poeta e por isso menos requintado, o filho da Rainha Santa e do trovador D. Dinis, comia na cama e comia prodigiosamente, o que muito impressiona Mr. Robert Southwell, um anémico embaixador inglês, que não achou maior maravilha em terra portuguesa do que a gula de D. Afonso IV.
Outro protagonismo histórico reservava o destino a seu filho e sucessor, D. Pedro I. Fernão Lopes, um cronista que deixou escritas duras verdades sobre as manhas deste rei, classificou-o como viandeiro, "sem ser comedor mais que homem". Gostava de festejar na rua com o povo, mandando assar vacas inteiras, distribuir montanhas de pão e vinho que chegasse para aguentar uma noite inteira de festas e de danças.
Com D. Fernando, adivinhava-se em tudo, até na mesa, a crise em que o fraco rei lançava a nação. O rei era pouco dado a comidas, embora fosse o primeiro a comer em mesa de estrado, mais alta do que as mesas dos restantes convidados.
Assim se vê que D. Filipa de Lencastre não teria encontrado na corte portuguesa o tal atraso repugnante que alguns pretendem."

E para terminar deixo-vos uma receita fácil, rápida e muito gostosa, para um bolo que poderão fazer para o lanche de um destes dias de férias de Carnaval.

Bolo de Natas

4 ovos
igual peso de açúcar
igual  peso de farinha
1 colher de chá de fermento em pó (Royal)
1 chávena de natas (creme de leite - Br.)

 Ligue o forno a 180°. Junte a fermento à farinha e reserve. Unte uma forma redonda.
Bata os ovos com o açúcar até obter um creme grosso e esbranquiçado. Junte de vagar as natas e vá envolvendo com a colher de pau. Com a ajuda de um passador de rede vá deitando a farinha, em chuva e envolvendo cuidadosamente a massa. Deite na forma barrada com margarina e leve ao forno por 25 a 30 minutos. Faça o teste do palito.

Notas:
- Uso natas Longa Vida (1 pacote)
- Gosto de bater as natas em chantilly, com 2 ou 3 colheres de açúcar. Depois envolvo no creme de ovos e a seguir envolvo a farinha. Fica sempre bem!

Tenham um óptimo fim de semana com muita alegria e paz.

Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)