E JÁ QUE FALEI DE EDUCAçÃO...

segunda-feira, junho 21, 2010

Como podem calcular, este tema da Educação "mexe" muito comigo. Ajudei a criar alguns dos meus irmãos mais novos (éramos nove filhos) e, além disso, a minha Mãe era Professora do Ensino Primário (que significa "primeiro", pois ainda não havia o Prè-escolar). Hoje chama-se Básico, mas vem dar ao mesmo.
Eu nunca quis ser Professora. Via a minha Mãe trabalhar de manhã na Escola onde era Directora, à tarde a dar explicações em casa e à noite sair para dar aulas aos adultos que eram obrigados a ter a quarta classe para poderem arranjar emprego ou não serem postos na rua...E lá em casa, o dinheiro nunca chegava. Os ordenados eram muito baixos e as despesas eram muitas, mesmo com muito equilíbrio.
Nesse tempo os Professores eram muito mal pagos e pouco prestigiados pela sociedade. Apenas eram bem tratados nas aldeias onde as pessoas, embora iletradas, sabiam dar o valor ao saber. Mas eu não queria ir sozinha para uma aldeia desconhecida e abandonar a minha Mãe e os meus irmãos. Não queria ser Professora!
Mas a vida dá muitas voltas e outras tantas reviravoltas. Talvez vos conte algum dia...
E eu tirei o Curso do Magistério Primário e "apaixonei-me" pela Psicologia Infantil. Lia tudo o que apanhava na Biblioteca e estudei muito.
E fiquei a trabalhar em Lisboa, num Bairro Social pobre, da periferia, o Bairro do Padre Cruz em Carnide.
Era o ano de 1963. Embora a sociedade já estivesse em transição de valores e de costumes, a maioria dos pais ainda preservava os valores do Respeito, da Autoridade, da Boa Educação, do Comedimento, do Bem, etc...
Nessa altura já se falava dos "traumatismos" das crianças, mas relacionados com os excessos e a violência que se verificava em algumas famílias quando castigavam os filhos, ou com alguns professores demasiado rigorosos e de mau íntimo. Era o caso dos pais que chicoteavam os filhos com o cinto de cabedal, ou dos professores que usavam uma régua a que se chamava "menina dos cinco olhos". Eu, felizmente, nunca vi nenhuma.
Onze anos passados foi o quanto precisámos para que a sociedade generalizasse este conceito e se abolissem os valores em que sempre acreditámos...

E fico-me por aqui. Talvez um dia continue...

Hoje não vos deixo nenhuma receita. Vou ver como estão as azeitonas de conserva que fiz este ano, ou melhor, no ano passado.
Em Novembro colhi as azeitonas da nossa oliveirita do quintal. Lavei-as bem e pus de molho dentro de baldes cheios de água pura da fonte da Serra da Guardunha e tapados com uma tampa. ( Se fosse com água da torneira, tratada com tantos químicos, ficavam todas moles e sem prestar). Ficaram na "loja" como chamam lá, ao andar térreo.
Em Janeiro lavei-as e mudei-lhes a água.
Em Abril escorri-as bem e mudei-lhes a água acrescentando sal bastante para tomarem gosto e não se estragarem.
Agora já se podem ir tirando porções para uma caixa ou frasco onde devem ficar com água pura para irem perdendo o sal. Vai-se substituindo a água todos os dias até estarem ao nosso gosto. Depois podem comer-se simples ou acompanhar com um molho feito com azeite, alho picadinho e tomilho ou orégãos.
No fim da semana dou-vos mais notícias. Uma boa semana para os que me visitarem.
Beijinhos da

Bombom = Tia Fátima = Avó Fátima

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7 comentários

  1. Minha querida amiga, eu nunca gostei de ir à escola, pois quando não sabia a tabuada apanhava com uma régua de 60cm e de madeira, ou então ficava de joelhos virada para a parede e ainda pior à janela com orelhas de burro, por isso hoje por vezes vejo as crianças falarem para os adultos que faz logo lembrar eu ´~ao tratava mal nínguém só não era boa aluna....enfim...também tenho muitas recordações desse tempo e não são nada boas....Hoje sim vejo que que as coisas são bem diferentes e ....Beijinhos

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  2. Amiga, lendo todo o seu texto lembro de quando eu era criança e queria ser professora. O professor aqui no Brasil não é nada valorizado e ganha muito pouco. Graças a Deus com um tempo tirei da minha cabeça em ser professora.
    Admiro muito a sua profissão, parabéns!

    Bjs

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  3. Tive uma péssima professora no segundo ano que me "obrigou" a mudar de escola. Felizmente sempre gostei de estudar, ainda gosto, ainda estudo embora não seja na escola :) Psicologia do desenvolvimento é a minha área porque as crianças são um belo objecto de estudo e porque também gosto muito de idosos :) Infelizmente perdeu-se um valo essencial na escola... o respeito. Quem apanham são os professores!

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  4. Olá Fátima!

    Ao ler o teu texto lembro-me que nunca gostei de escola. E hoje já com alguma idade e sabedoria a que só a idade nos presentei e nunca a escola. Sei, o nunca gostar da escola deve-se ao facto de ter tido uma professora primária do pior. Chamava-se Fernanda. Graças a Deus que desde que acabei a primária foi senhora que nunca mais vi. O contrário das professoras dos filhos. quando acabaram quiseram continuar a visitar as suas (professoras).Aliás a (professora) da filha ainda hoje é uma grande amiga da filha e minha. Assim como dois filhos dela que são médicos no Amadora Sintra.Sabes quase não havia dia nenhum que eu não sentisse a menina dos cinco olhos. Além de quando eu ia ao quadro levava com um ponteiro de pau preto (não era cana) na cabeça.Era assim! Perguntava-me, eu não respondia pensando que podia estar errada. Catrapum ponteiro na cabeça, depois perguntava há menina bonita da sala, ela respondia e eu outra vez catrapum ponteiro na cabeça. Mas, eu pensava! Afinal eu sabia e levo na mesma. Só que não respondi. E assim fui-me fechando na escola e detestando a escola sempre. Por esse motivo ensinei sempre os filhos não sendo mal educados se tivessem a certeza que os professores estavam errados nunca baixarem os braços. Provarem que o que diziam estava certo.Mas, também ensinei se os professores tivessem razão eles (filhos) terem a humildade de pedir desculpas. Sim, porque ainda há muitos professores que pensam que sabem tudo. E eles é que são os sabichões.É mentira. Pois eu continuo a aprender com os jovens. E a maioria dos professores deviam pensar e aproveitar o que os jovens tem a ensinar.E fazer a escola um local agradável de troca de sabedorias entre professores e alunos (jovens). E com isto tudo dei-me muito bem com a educação que dei aos filhos. Pois, nunca fui chamada à escola. E sim numa reunião de pais (o que nunca faltei a nenhuma. Pois, nada era (é) mais importante do que os filhos) tive o privilégio de o professor de geometria discritiva dar-me os parabéns pelo filho que eu tinha.Pois, tinha-lhe dado uma lição.Quando num exercicio o (professor) tinha dito na aula que o dito não se podia fazer de outra maneira.ok, o filho aí fez o que a mãe sempre ensinou demostrar que afinal era possível e que o professor até tinha a aprender com os jovens.Era um (professor) terrível, mas ficou amigo e o Mauro foi para a faculdade e ele só mandava alunos dele contactar como o meu filho para lhe dar explicações. O que o filho nunca deu pois o tempo era muito curto. E eu preferia que se dedicasse aos estudos.Sabes que ainda este ano soube que o (professor) evoca o nome do meu filho na aula. Para dar como exemplo!O que me deixa muito orgulhosa da educação que dei e os filhos a souberam tomar.Bem, amiga quando venho aqui parece que estou no confessionário(sorrisos). É a tua parte de psicolgia a trabalhar quando escreves.;)Pois, fazes com que eu me confesse.Adoro-te amiga.

    Agora para último mas, não menos importante. Obrigada pelas dicas das azeitonas. Como sempre tão preciosas.


    Beijinhos com carinho mesmo

    Isabel de Miranda

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  5. Amada Bombom
    Imagino que a educação dos teus irmãos e filhos foi impecável, pois tua inteligência e sensibilidade são visíveis! És uma grande mulher e te admiro muito.

    Conservas de azeitonas feitas em casa te um sabor inigualável!

    Moras em meu coração
    Um grande abraço
    Léia

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  6. Olá bombom,
    Quando se lê o que escreves, percebe-se que a tua vida é rica em experiências e isso é um património valiosíssimo!
    Parabéns!
    Tenho a certeza de que as azeitonas estão uma delícia! São caseiras e além do mais, tratadas assim com tanto cuidado só podem ser muito boas!

    Beijinhos!

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  7. Bombom, como disse a Léia, tua educação deve ter sido primorosa, pois és um doce de ser humano, uma mulher admirável mesmo!
    E que prazer deve ser fazer suas conservas de azeitonas, tiradas da sua oliveirinha...ai que delícia, nem posso imaginar tamanha delícia....quanto aos elogios aos meus posts e comentários, tenho atraído gente da melhor qualidade, ainda bem! Como tu o és, cara amiga. Grande beijo, estou melhor sim, e talvez precise de seus préstimos para me ajudar num projeto, vou mandar-te um email.

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