IGREJA DE SANTA CLARA-A-VELHA EM COIMBRA E OS PASTÉIS DE SANTA CLARA
segunda-feira, janeiro 09, 2012
No passado fim de semana fomos a Coimbra e visitámos a Igreja de Santa Clara-a-Velha e o novo Centro de Interpretação e Museu. Sempre conheci este monumento como uma ilha, rodeado de água em toda a volta e com o andar inferior completamente submerso. De há uns anos para cá, o Ministério da Cultura empreendeu a sua recuperação. Foi feita a drenagem das águas, estabilizado o terreno, fizeram-se escavações arqueológicas e foi construído um Centro de Interpretação que inclui um Auditório onde se pode ver um filme com a História do Convento, um pequeno Museu, uma loja e uma Cafetaria com esplanada com vista para a Igreja.
Centro de Interpretação
O Convento de Santa Clara-a-Velha foi fundado por D. Mor Dias em 1283, sob a Ordem das Clarissas (de Santa Clara, de Assis). Esta abastada senhora tinha sido recolhida 30 anos antes pelos frades do Mosteiro de Santa Cruz e vivia no Mosteiro das Donas que lhe ficava anexo. Ela tinha o grande sonho de formar um Convento de Clarissas e, quando quis torná-lo realidade, encontrou grande oposição por parte dos frades que se sentiram traídos pela sua discípula. (O facto de terem de abdicar do dote dela, também deve ter pesado bastante, na minha óptica). Eles boicotaram-na ao máximo junto da Igreja e do Papa e o seu Mosteiro foi extinto em 1311.
Igreja de Santa Clara-a-Velha e ruínas do claustro
Três anos mais tarde, Dona Isabel de Aragão, esposa do rei D. Dinis, decidiu instalar as Clarissas em Coimbra. Pediu licença à Santa Sé para fundar o Mosteiro de Santa Clara e obteve autorização do Papa Clemente V em 1314.
Mandou então construir novas instalações e uma Igreja.
Em 1317 chegaram as primeiras freiras vindas de Zamora. A Igreja só ficou concluída em 1330, ano em que foi sagrada pelo Bispo de Coimbra.
O Mosteiro ficou situado numa zona de cota baixa, nas margens do rio Mondego e por isso desde muito cedo sofreu inundações e aluimento.
Finalmente, em 1677, as freiras mudaram-se para um novo edifício mandado construir pelo rei D. João IV, situado num plano mais elevado, que passou a ser conhecido como Convento de Santa Clara. As antigas instalações foram-se degradando e só ficou visível parte da antiga Igreja, que passou a ser chamada de Santa Clara-a-Velha.
(Clique para aumentar)
E com esta introdução que poderão consultar no Museu, aqui fica a receita desta iguaria conventual, retirada do livro Cozinha Tradicional Portuguesa de Maria de Lurdes Modesto.
Pastéis de Santa Clara (de Coimbra)
Para a massa:
250 g de farinha de trigo
125 g de manteiga
água q.b.
Para o recheio:
250 g de açúcar branco
1,5 dl de água
150 g de amêndoas peladas e raladas
9 gemas de ovos
Leva-se o açúcar ao lume com cerca de 1,5 dl de água e deixa-se ferver até fazer ponto de cabelo (106°C). Retira-se do lume e junta-se a amêndoa pelada e moída e as gemas prèviamente batidas.Mexe-se enèrgicamente para não talharem. Leva-se de novo ao lume para cozer o recheio, mexendo sempre até fazer ponto de estrada. Retira-se do lume e deixa-se arrefecer.
Entretanto prepara-se a massa: peneira-se a farinha para uma tigela, junta-se a manteiga e trabalha-se a massa molhando a mão em água fria. Amassa-se muito bem até que a massa fique elástica e se possa estender.
Estende-se a massa muito fina, com o rolo, dando-lhe a forma de uma tira. Sobre esta dispõe-se montinhos do recheio preparado. Dobra-se a tira de massa fazendo aderir bem e cortam-se os pastéis, dando-lhes a forma de uma meia lua (como os rissóis). Pincelam-se com ovo batido, polvilham-se com açúcar e levam-se a cozer ao forno moderadamente quente (180°), por cerca de 20 minutos.
Coimbra vista da Igreja de Santa Clara-a-Velha
Espero que tenham gostado do passeio. Desejo-vos a continuação de uma boa semana.
Beijinhos da
Bombom (Tia Fátima / Avó Fátima)
7 comentários
Olá Fátima,
ResponderEliminarQue passeio tão agradável. Adorei.
Fico à espera do próximo.
Beijinhos da
Maria
Lindas imagens e curiosa história! Quanta coisa ainda a aprender!
ResponderEliminarEsses pastéizinhos são uma tentação! Será que dou conta de fazer? Vc já fez, Fátima?
Bjsssssss, quérida!
Bombom, cara amiga!
ResponderEliminarGostei imensamente deste passeio que me relembrou quando lá estive há dois anos. Realmente um monumento antiquíssimo e interessante de se conhecer, embora Coimbra seja espetacular em muitos outros aspectos.
Eu não sabia de toda essa história e gostei muito de conhecer por aqui contigo.
Quantos aos pastéis, nem me atrevo a fazê-los, sou uma negação na cozinha, então vou preferir repetir a dose aí mesmo, quando enfim retornar a esta bela terrinha.
Um super abraço, carioca.
Vovó FAty deixei uma pergunta lá em baixo vai lá procura e esclarece-me pelize
ResponderEliminarkis .=)
Querida Bombom,
ResponderEliminarQue Domingo bem passado! Obrigada por este bonito passeio documentado com bonitas imagens, informação cultural e rematada com a receita deste doce conventual que adoro e que faz parte do nosso rico património gastronómico! Ainda não ganhei coragem para fazê-los eu própria, pois creio que nunca conseguirei fazer aquela massa tão deliciosa e fina que os caracteriza!! Mas gostei muito desta reportagem!
beijinhos grandes.
Bombom,
ResponderEliminariguarias como estas, os pastéis, acompanhadas da história e da origem faz um conjunto de delícias imperdível.
Gostei do passeio e adorei a receita tradicional.Quando aí estive,deliciava-me todos os dias com os pasteizinhos.
Bjos,
Calu
Querida Bombom
ResponderEliminarNão conheço Portugal.
Encantei-me pela Igreja de Santa Clara-a-Velha.
Os pasteis devem ser deliciosos.
Bjos
Léia