LADRILHOS DE MARMELADA

terça-feira, novembro 30, 2010

Já devem ter reparado que ando com falta de "genica" na cozinha!
Quero pensar que deve ser do tempo de Outono que propicia à calma e não da idade, he,he!
Aqui há tempos, descobri lá na Biblioteca de Castelo Branco um livro que me chamou à atenção. Chamava-se "Comer e Beber com Eça de Queiroz" - Editora Index (1955 - Rio de Janeiro).
É isto que me dá raiva! Têm de ser os nossos irmãos brasileiros a editar e a tornar conhecidos os escritores portugueses! Por que é que têm sempre de ser os estrangeiros a louvar os nossos valores, que tão desprezados são na sua própria Pátria?
Esta prosa levar-me-ia a grandes considerações àcerca da Educação e da Cultura que já não temos nas nossas Escolas. E isso dói-me no mais fundo da alma. Por isso, vamos lá até à cozinha!...
No livro de que vos falo, vem um conjunto de receitas compiladas da Obra de Eça, e testadas por uma grande Senhora da Culinária Portuguesa: Maria de Lurdes Modesto.
Eu anotei algumas e dentre elas, guardei a dos Ladrilhos de Marmelada para fazer quando viesse o tempo dos marmelos.
São aqueles quadradinhos de marmelada que antigamente se compravam nas Pastelarias, envoltos em açúcar pilé, bem sequinhos e embrulhados em papel de celofane. Lembram-se?
Os mais célebres eram os do Convento de Odivelas, onde D. João V "ia tomar chá" muitas vezes (he,he, são célebres estas suas aventuras...)
Estes Ladrilhos de Marmelada faziam parte em alguns dias, da sobremesa do Instituto do Professorado Primário onde passei grande parte da minha adolescência. Talvez por isso e também por me parecer que já estão extintos, lembrei-me de a partilhar convosco, apesar de não ter sido muito bem sucedida desta vez.

            Ladrilhos de Marmelada

2 kg de marmelos
açúcar e água

Lavam-se os marmelos. Cortam-se aos quartos, descascam-se e retiram-se os caroços.
Coze-se a polpa até ficar bem macia e passa-se pelo passe-vite (usei a varinha mágica).
Pesa-se o puré de marmelo e toma-se igual peso de açúcar.
Deita-se o açúcar num tacho, rega-se com metade do seu peso em água, deixa-se ferver até obter ponto de cabelo. Nessa altura junta-se o puré de marmelo e, sem parar de mexer, deixa-se ferver tudo até se ver bem o fundo do tacho (ponto de estrada).
Passa-se um tabuleiro por água fria e deita-se dentro a marmelada. 
Alisa-se a superfície e põe-se ao sol para ganhar uma crosta (2 ou 3 dias).
Depois desenforma-se a marmelada em cima de uma tábua e corta-se em quadradinhos.
Passam-se um a um por açúcar pilé (branco, granulado) e põem-se ao sol num tabuleiro, durante vários dias, até o açúcar da superfície cristalizar. Vão-se voltando para secarem por igual.

Notas dos meus desastres culinários: Eu achei por bem pôr tudo em lume brando e só mexer de vez em quando. Durante a primeira hora correu muito bem, mas depois... quando fui dar mais uma mexidela, já não se via o fundo do tacho! Pois foi: pegou no fundo.
Tinha já preparado o tabuleiro que forrei com papel vegetal  (Glad). Deitei a marmelada e parecia o bolo mármore, pintalgado de pequenas manchas mais escuras!!!
Depois pus ao sol. Mas qual sol, se começou logo a chover?
E assim estamos, entre o seca, não seca... Se calhar vai acabar em tacinhas de compota de marmelo ou nalguma sobremesa!...

Beijinhos da
Bombom ( Tia Fátima ou Avó Fátima)

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10 comentários

  1. Oi Fátima
    Senti muito a sua falta, até deixei um recado ontem.
    Delícias hummmmmmmmmm
    Aqui não dá certo. Esse negócio de secar dois ou três dias, não há de de secar nunca e sim molhar o estômago do povo. rsrsrs
    A minha mãe sabe fazer e ficam deliciosos.

    Bjs no coração!

    Nilce

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  2. Olá querida Bombom,
    Estava a ver que nunca mais postavas! Preguiça na cozinha e no blogue! Se queres que te diga já estou cheia de cozinhar, mas de vez enquanto apetece-me fazer qualquer coisa de diferente. Ontem assim fiz e depois o que vi foi «torcidelas de nariz» e «não está mal» e sempre a enfrendarem!..rsssssss
    És formada em História?
    De facto é lamentável, os brasileiros sabem mais de nós, do que nós de nós! rssssss
    Ladrilhos, comia em miúda, fortalecia, não era? Agora eu e marido temos que pôr de lado os açucares!
    Beijinhos e obrigada pelos teus comentários no meu blogue.
    Manú

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  3. Olá, Bombom querida!
    Hummmmmm, marmelada!
    Gente, há tanto tempo não como uma boa marmelada!
    Nas décadas de 60 e 70 marmelada ou goiabada eram as sobremesas preferidas de todas as casas brasileiras, sempre acompanhadas de um belo naco de queijo Minas Branco.
    Mas, eu mesma nunca vi um marmelo, nem sei como é a forma, cor ou aroma.
    Quanto ao que dissestes sobre a vossa cultura ser mais conhecida aqui do aí, nós também dizemos a mesma coisa com relação a muitas coisas boas e que fazem sucesso lá fora e aqui, nada!
    É assim mesmo a vida.
    bjs cariocas

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  4. OLá, querida
    Gosto demais de marmelada e fico me contentando com o que tanto gosto também: marrom glacê...
    Não tenho tempo para fazer... o jeito é comprar pronto... mas a sua deve ter ficado uma delíca!!!
    Abrços fraternos e bjs de paz.

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  5. Ola Bombom! É a primeira vez que visito o seu blog! Adorei esses quadradinhos cheios de lembrança e achei lindos esses fantoches. Voltarei mais vezes aqui. Pode ter certeza! beijinhos

    http://quitutesdajuju.blogspot.com

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  6. O que eu me ri agora com o vai não vai da marmelada. Realmente o sol está pela hora da morte mas, se não for em cubinhos, barra-se a marmelada no pão :)

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  7. Bem, mesmo só tu para me fazeres rir, com a tua odisseia...começando do princípio, é melhor passarmos a "parte do nosso País" senhão tinhamos aqui um debate político, pois sabes muito bem como eu ando nauseada com tudo o que se passa nele (País)...Vamos então à receita vou fazer, pois esses quadradinhos tenho eu na minha memória de ifância, pois adorava. Morando sempre por cima de uma grande pastelaria, lembro-me que eles tinham sempre num tabuleiro de metal rigorosamente eles sobrepostos uns por cima dos outros. E também, na loja de café que já não existe na Amadora onde a minha mãe ia comprar linguas de gato, beijinhos e outras delícias da altura, e trazia sempre esses quadradinhos, pois apesar de serem vendidos na pastelaria do nosso prédio os da casa de café eram superiores em sabor.Fiquei curiosa de fazer, pois nunca fiz, mas vou tentar a ver se o São Pedro é nosso amiguinho e deixa-se ficar com a chuvita. Pois eu sou uma das pessoas que prescindo perfeitamente dela. Amiga, então a menina não sabia que estes doces e sendo a primeira vez que façamos nunca devemos sair perto do fogão? Depois com a experiência, sim, aí já podemos dar as nossas voltitas pela casa (sorrisos)amiga adorei a tua estória e informação, como sempre delíciosa e útil, pelo menos para mim. um muito obrigada.A preguiça não é da idade podes crer...

    abraço imenso

    Isabel de Miranda

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  8. Marmeladas, ladrilhos de marmelo, parece que estou a ler livros de Eça mesmo...então são os brasileiros que os editam? É capaz então de os portugueses editarem os meus!!!! Quem sabe não tento por aí...porque aqui a coisa está feia amiga Bombom...beijos açucarados,

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  9. Bombom, marmelada é meu doce preferido, depois da goiabada.
    Como a Beth disse, com um queijo branco da minha terra, o famosos queijo de Minas (Minas Gerais), ficam irresistíveis.
    Conheço o marmelo e conheço até uma trova sobre ele:
    "Marmelo é fruta gostosa
    que dá na ponta da vara.
    Mulher que chora por homem
    não tem vergonha na cara."
    Aqui se faz tanto doce, tem tantas fábricas, que quase não se faz apena para o consumo da casa, como era antigamente.
    (o que é "varinha mágica", que usastes no preparo?)
    Beijo.

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  10. Oi, Lúcia, a "varinha mágica" é a maquineta trituradora que faz os purés dentro da panela. Como não suja loiça, chamamos-lhe varinha mágica! Bjs .Bombom

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