BIFE CARPACCIO SÓ HÁ UM...

segunda-feira, junho 16, 2014



Recorrendo ainda a este fabuloso livro de Fortunato da Câmara, hoje vou falar-vos da história do Bife Carpaccio, que muito boa gente desconhece, como era o meu caso.
Estava-se em Veneza, por volta de 1950, no famoso restaurante do Harry`s Bar cujo dono e cozinheiro mor era Giuseppe Cipriani, um grande apreciador da Pintura Italiana.
"Foi o gosto pela arte de bem servir, em particular uma cliente angustiada, e as telas rubras do pintor renascentista, que serviram de inspiração a Cipriani para criar este prato emblemático que se transformou num ícone da restauração internacional."

A condessa Amalia Nani Mocenigo, cliente do Harry`s Bar, lastimou-se a Cipriani por não poder comer carne cozinhada devido à proibição do médico: sofria de anemia e só podia comer carne crua. Cipriani pediu-lhe que esperasse 15 minutos e quando regressou à sala com o Maitre, este "trazia um prato coberto com lâminas de lombo de novilho cru, com um molho branco em tom de pérola".
Quando a condessa perguntou o que era, Cipriani respondeu solenemente: Beef Carpaccio.
Por essa altura estava a decorrer no Palácio Doge uma Exposição retrospectiva da obra de Vittore Carpaccio, pintor humanista do séc. XV, cujos quadros se caracterizam pelos diversos tons vermelhos com "dégradés" brancos.

"Para confeccionar um Bife Carpaccio, precisa de um pedaço de novilho cru que vai a congelar ligeiramente até começar a ficar firme. Depois é cortado em fatias finíssimas que são dispostas num prato prèviamente salpicado de azeite virgem extra. Faz-se um molho líquido com maionese, mostarda, molho inglês e um pouco de leite quente. Quando a mistura estiver bem emulsionada, fazem-se riscos transversais cruzados sobre a carne com a ajuda de uma colher, a lembrar uma quadrícula."
A receita completa vem no livro Harry`s Bar: the life and times of the legendary Venice landmark (1996), escrito por Arrigo Cipriani, filho de Giuseppe.

E termino com o comentário de Fortunato da Câmara:
"Faça-se também a homenagem ao sr. Giuseppe Cipriani  usando, mas não abusando do nome. É que quando se pede um carpaccio espera-se que sejam fatias de bovino cru e não qualquer outro ingrediente como polvo, bacalhau, tomate ou até ananás (pasmem-se), cortado em fatias finas onde muitos restaurantes penduram o nome para dar uma imagem errada de sofisticação. É que um carpaccio é como um Carpaccio, são telas que se reconhecem pelos tons com que os artistas as construíram. Não é preciso sermos iluminados para percebermos que o que se põe no prato usurpando este nome sem ser novilho, são apenas...laminados!."

Beef Carpaccio

Para 4 pessoas:
400 g de lombo de novilho
Azeite virgem extra (q.b)

Molho de Mostarda:
2 colheres de sopa de mostarda
2 colheres de sopa de maionese
1 colher de sopa de molho inglês
2 colheres de sopa de leite

Embrulhe a peça de carne firmemente em película aderente (filme plástico) e leve ao congelador por 1 hora, para facilitar o corte. Com uma faca bem afiada (ou o fatiador do fiambre) corte fatias finíssimas de carne.
Disponha-as no centro de um prato prèviamente salpicado com o azeite virgem extra. Reserve no frigorífico por 5 minutos.
Numa tigela, misture a maionese, o molho inglês, a mostarda e o leite. Tempere de sal e pimenta a gosto.
Retire o prato da carne do frigorífico e com  a ajuda de uma colher, deite o molho sobre a carne, formando uma quadrícula.

Notas:
- Há quem use azeite (2 colheres de sopa) em vez do leite.
- Há também quem faça o molho usando 120 g de maionese em vez das 2 colheres de sopa acima indicadas e mantendo os restantes ingredientes..
- Há quem tempere a carne com sal e pimenta antes de a levar ao frigorífico (os 5 minutos).
- Parece-me que se o molho de mostarda estiver bem temperado, não é necessário pôr sal na carne, mas é uma questão de gosto pessoal, por isso, deixo ao vosso critério.

Boa semana para todos. Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

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8 comentários

  1. Vou levar a receita pois acho que vou gostar
    Boa semana
    bj

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  2. Minha querida amiga. fiquei felicíssima por aprender sobre a origem do Carpaccio, que desconhecia, confesso
    Adoro essa iguaria, e aprender sobre algo mais da Gastronomia é sempre uma enorme alegria pra mim,
    Obrigada por enriquecer um pouco dos meus conhecimentos,

    Grande abraço,
    Renata

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  3. Bombom, também não conhecia a origem do nome, conheço o prato, mas confesso que nunca me interessei em comer. Embora até coma a carne crua, quando se faz quibe cru, que gosto demais, mas só os feitos em cada.
    É um prato bonito, o carpaccio, talvez um dia experimente.
    Beijo e boa semana.

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  4. Estamos sempre a aprender contigo querida Bombom mais uma que fiquei a saber e a receita levo comigo se me permites,

    beijinho!

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  5. Gostei imenso do seu comentário.
    Obrigada pelo tempo que me concedeu e pelo fabuloso texto que clarifica a origem do carpaccio.
    Beijo

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  6. Querida amiga
    Não conhecia a origem do carpaccio!
    Nunca comi, mas seri que tem também versões vegetarianas.
    Te desejo uma ótima semana.
    Bjim
    Léia

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