BORDADO DE CASTELO BRANCO


Tenho tido alguma dificuldade em prosseguir com novas receitas. Enquanto me organizo melhor, pensei trazer-vos alguns temas de interesse geral.
O primeiro é relacionado com o Bordado de Castelo Branco, um dos produtos mais típicos e ricos da cidade de Castelo Branco.
Surgiu essencialmente em colchas de linho que eram bordadas com fio de seda natural, com desenhos e pontos muito variados. (Cliquem na imagem para a ampliarem).
Estas colchas tornaram-se conhecidas a partir de meados do século XVI (1550).
Eram bordadas para famílias nobres ou para burgueses ricos e também para as bordadoras quando se casavam.
Estes trabalhos, muito antigos, podem ser apreciados no Museu Tavares Proença, o museu da cidade de Castelo Branco.
Há quem diga que os desenhos são de inspiração oriental, mas não sei se é verdadeira esta informação.
Muitos têm cenas campestres, flores diversas estilizadas, outros são "naifs" com pessoas e animais.
Actualmente bordam-se painéis para paredes, quadros, etc.
No Museu tem funcionado uma escola de bordados que tem promovido estes trabalhos que já estavam em desuso. Com a descoberta das fibras sintéticas que são mais baratas, deixou de se fabricar fio de seda. Então foi preciso retomar a confecção da seda, do fio e da tinturaria antiga para as colorir.
Como podem calcular, estes bordados são muito trabalhosos e requerem muita entrega da parte das bordadoras, por isso são dispendiosos.
Eu vi um painel lindo para parede a ser confeccionado, encomendado por um ex-Ministro, que custava na altura 2000 contos (10000 euros na moeda actual).
O quadro que vos mostro foi-me oferecido por uma prima que o confeccionou e que guardo com muita estimação.
Se alguma vez passarem por Castelo Branco, não deixem de visitar o Museu e os Jardins do Paço que o envolvem.

Boa semana e beijinhos da

Bombom

REABRIU "O MEU ESTAMINÉ"

Este ano o OUTONO chegou com um mês de atraso, e eu também.
Este prolongamento forçado do Verão, ajudou a que finalizássemos umas pequenas obras de manutenção no telheiro do quintal da casa da aldeia. E, quando se fala de obras, já se sabe que nem sempre se consegue quando nos dá mais jeito, nem que se cumprem os prazos previstos, ou que os arranjos fiquem 100% ao nosso gosto. Felizmente, estes dois últimos cumpriram-se e ficámos satisfeitos por os obreiros serem qualificados e de palavra.

Num dos dias em que precisei de cozinhar umas batatas, dei com esta que aqui vos trago, com a forma de um coração.


Achei-lhe tanta graça, que não resisti a fotografá-la para vos mostrar!
E, para terminar a prosa de hoje, como ainda não tenho receitas para vos oferecer, deixo-vos a foto de um arranjo que só não é floral porque não tem flores (só uma flor), mas é campestre porque tem pinhas, vides, espigas de trigo e milho, abóboras e outros elementos colhidos no campo.


A pouco e pouco voltarei a visitar os vossos cantinhos de que já sinto a falta.
Um abraço da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

ORAçÃO AO PÃO

Vou ausentar-me por mais uns dias e não quis deixar de avisar os visitantes de O Meu Estaminé.
E, à guisa de compensação, trouxe-vos um excerto de um poema de Guerra Junqueiro, Oração ao Pão.
Foi retirado de um pequeno livrinho que comprei em Seia, no Museu do Pão. Como é muito extenso, hoje deixo-vos só uma parte (para não vos maçar).

Oração ao Pão

Num grão de trigo habita
Alma infinita.

Alma latente, incerta, obscura,
Mas que geme, que ri, que sonha, que murmura...

Quando a seara é ceifada, acaso o grão
Terá dor? Por que não?!

Um grão de trigo,
Mil anos morto num jazigo,

Dêem-lhe terra e luz,
E ei-lo, germina e cresce e floresce e produz.

Vêde lá, vêde lá,
Quanto no eirado o trigo sofrerá!

Pelo malho batido num terreiro,
Um dia inteiro!
E um dia inteiro, sem piedade,
Coitadinho! rodado pela grade!

Depois a tulha celular,
A escuridão sem ar!

Depois, depois, ó negra sorte!
Entre rochedos triturado até à morte!

Ó pedras dos moinhos, mal sabeis
O mal que fazeis!

Quantos milhões de crimes por minuto,
Pedras de coração ferrenho e bruto!

E as águas da levada vão cantando,
Enquanto as pedras duras vão matando!

E a moleirinha alegre também canta,
E ri a água, e ri o sol, e ri a planta!...

Enfarinhada, branca moleirinha,
É pó de cemitério essa farinha!...

Loiro trigo a expirar por nosso bem,
Sem um ai de ninguém!

Loiro trigo inocente,
Cuja morte horrorosa ninguém sente!

E é por isso que ao fim do teu martírio
És cor de Lua, és cor de neve, és cor de lírio...

Bendito sejas!

Simples por nós viveste,
Puro por nós sofreste,
Mártir por nós morreste!

Bendito sejas!

Guerra Junqueiro

Até breve. Fiquem bem!

Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima / Avó Fátima)

SECAGEM DE FIGOS





Aprendi a secar figos com as mulheres da minha aldeia, a Paiágua, que fica nos limites do concelho de Castelo Branco, entre as serras de Guardunha e Muradal, no coração da Beira Baixa.
Com toda a ternura e respeito que tenho por elas, aqui lhes agradeço publicamente todas (e são muitas), as coisas que com elas aprendi!
É muito fácil esta tarefa: só precisamos de ter figos frescos muito sãos e um quintal ou varanda muito soalheira durante o dia (ou só pela tarde) e tabuleiros, de preferência de madeira. O ideal é secá-los no mês de Agosto ou Setembro.
Colocam-se os figos ao lado uns dos outros nos tabuleiros e deixam-se ao sol e ao ar durante o dia. Recolhem-se ao anoitecer e nos dias seguintes repete-se esta operação.
O tempo de secagem pode variar: numa varanda com muito sol, podem secar em 4 ou 5 dias; numa onde só dê sol à tarde, podem precisar de 6 ou 7.
A meio desse tempo, viram-se os figos do lado oposto, para secarem por igual.


No fim desse tempo, já apresentam um aspecto ressequido.
Aquece-se o forno a 170° durante 5 minutos. Coloca-se uma camada de figos num tabuleiro (que pode ser o do forno ou outro) e mete-se no forno por 5 minutos exactos. Esta operação serve para desinfectar alguma impureza e para acabar de secar algum que não tenha atingido o grau necessário.
Retiram-se do forno e deixam-se arrefecer. Quando frios, polvilham-se com um pouco de farinha de trigo sem fermento (para não se colarem uns aos outros) e guardam-se em sacos de pano (linho ou algodão, são os mais saudáveis). Também se podem guardar em latas fechadas, num sítio fresco.


Os figos secos têm a mesma utilização das ameixas secas: na confecção de pão, acompanhamento de carnes assadas, molhos agridoces, gelados, etc. Além disso, ajudam o funcionamento dos intestinos, actuando como um laxante natural.

Com desejos de que passem uma boa semana, beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

FIGUINHOS DE CAPA ROTA!

                    Figuinhos de Capa Rota! Paisagem da janela da cozinha.

Olá a todos(as)! Que saudades!
Embora seja Domingo, venho reabrir O Meu Estaminé, tão fechadito de há uns tempos para cá.
Embora esteja aposentada, não é fácil gerir o tempo, as férias das férias, as estadas na aldeia sem internet, os regressos de vez em quando à "base", os múltiplos afazeres de quem não tem empregada, etc e tal...
Espero que me compreendam e continuem a acompanhar-me sempre que quiserem.
Como já devem ter reparado, o período mais forte aqui na "lojinha" é o fim do Outono, o Inverno e a Primavera, pois logo que o tempo o permite, lá vamos nós para o sossego da aldeia, onde passamos grande parte do ano.
 Este ano, por causa das irregularidades do clima, houve muito pouca fruta. Não se admirem se ela estiver mais cara no supermercado...
Devido aos grandes calores em Maio, fora de época, as cerejas e as nêsperas desenvolveram-se mais cedo e a floração das videiras secou e quase não houve uvas. Salvaram-se os figos e os marmelos, que são as restantes árvores do nosso quintal.


Estes figos são os temporões, a primeira leva de figos que surge geralmente nas primeiras semanas de Julho.
São em pequena quantidade, assim como uma amostra da Natureza, para despertar o apetite! A grande maioria dos restantes, ainda verde nesta altura, só em meados de Agosto é que estará capaz de ser colhida.
Como eles não amadurecem todos ao mesmo tempo, geralmente colhêmo-los pela manhã, só na quantidade  que vamos utilizar em cada dia. No fim do Verão, vão amadurecendo mais ràpidamente e então, colhêmo-los para secar ou fazer passas, como dizem lá na aldeia. (Aqui em Lisboa chamamos passas, aos bagos secos das uvas).
Amanhã falar-vos-ei um pouco mais sobre este assunto.
A todos os que me visitarem desejo que estejam bem e felizes. Passem um bom Domingo!
Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

KETCHUP CASEIRO

Não me lembro já do nome do livro de onde tirei esta receita, mas como prefiro usar molhos caseiros em vez dos de  compra que vêm cheios de emulsionantes e conservantes, anotei-a logo.
Como estamos perto da época da abundância de tomate, aqui fica a receita, para quem quiser experimentar.

KETCHUP DE TOMATE

3 Kg de tomates maduros
2 hastes de aipo (ou 1 colher de sopa rasa, de sal de aipo)
1 cebola grande
2 dentes de alho grandes
1/2 colher de chá rasa de pimenta-de-Caiena
1 colher de chá rasa de gengibre ralado
1 colher de sopa rasa de sal
1 colher de chá rasa de canela em pó
1 colher de sopa rasa de sementes de coentro (coriandro) ralados
150 ml de vinagre de vinho
250 g de açúcar

Lave bem os tomates e o aipo. Descasque a cebola e os alhos. Corte tudo aos bocados e coza em lume brando até ficar em puré. Passe pelo passador para retirar as peles e as graínhas.
Junte os restantes ingredientes e leve de novo ao lume para ferver, mexendo sempre com a colher de pau até engrossar e obter a consistência de um creme grosso.
Deite em frascos enquanto quente e esterilize-os antes de os guardar.

Espero que gostem.
Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

SINTOMAS QUE INDICAM A FALTA DE ALGUNS NUTRIENTES

Como boas Mães de Família, preocupamo-nos para que a alimentação seja fresca, variada e em quantidade suficiente, mas nem sempre estamos alertadas para certos sintomas que significam que está faltando algo na nossa alimentação.
Há algum tempo atrás, guardei um artigo de Vinicius Ancetti sobre este tema e hoje partilho-o convosco. É sempre bom saber...

SINTOMAS QUE INDICAM A FALTA DE ALGUNS NUTRIENTES

1 - Dificuldade em Perder Peso

O que está faltando: ácidos graxos essenciais e vitamina A.
Onde obter: sementes de linhaça, cenoura e salmão.

2 - Retenção de Líquidos

O que está faltando: equilíbrio entre o potássio, fósforo e sódio.
Onde obter: água de côco, azeitona, pêssego, ameixa, figo, amêndoa, nozes, acelga, coentros.

3 - Compulsão a Doces

O que está faltando: cromo
Onde obter: cereais integrais, nozes, centeio, banana, espinafre, cenoura.

4 - Cãimbra e Dor de Cabeça

O que está faltando: potássio e magnésio
Onde obter: banana, cevada, milho, manga, pêssego, acerola, laranja e água.

5 - Desconforto Intestinal, Gases, Inchaço abdominal


O que está faltando: lactobacilos vivos.
Onde obter: coalhada ou requeijão, iogurte, Yakult, missô e similares.

6 - Falta de Memória

O que está faltando: acetil colina, inositol.
Onde obter: lecitina de soja, gema de ovo.

7 - Hipotiroidismo (aumento de peso sem causa aparente)

O que está faltando: iodo
Como obter: algas marinhas, cenoura, azeite de oliva, pêra, abacaxi, peixes de água salgada e sal marinho.

8 - Cabelos quebradiços e Unhas fracas

O que está faltando: colagénio (ou colageno).
Como obter: peixes, ovos, carnes magras, gelatina.

9 - Fraqueza, Indisposição, Mal Estar

O que está faltando: vitaminas A, C, E e Ferro.
Onde obter: verduras, frutas, carnes magras.

10 - Colesterol e Triglicéridos elevados

O que está faltando: Omega 3 e 6.
Onde obter: sardinha, salmão, abacate, azeite de oliva.


Estas dicas não substituem uma prévia visita ao Médico de Família que deverá mandar fazer as análises que achar convenientes para despistar as causas destes sintomas. No entanto não faz nada mal começar logo a reforçar a alimentação com os nutrientes necessários.

Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)